quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Metade (Oswaldo Montenegro)


"Apenas o que
estou sentindo no momento...isso aqui é meu escape..."

Que a força do medo que tenho
Não me
impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não
me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a
outra metade é o silencio.

Que a musica que eu ouço ao longe
Seja
linda ainda que tristeza
Que o homem que eu amo seja pra sempre
amado
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade
é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
nem repetidas
com fervor
Apenas respeitadas
Como a unica coisa que
resta a um homem
inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que eu
ouço
Mas a outra metade é o que eu calo.

Que essa minha vontade de
ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão
que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de kim é
o que eu penso mas a
outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão
se afaste, e que o
convivio comigo mesmo se torne ao menos
suportavel.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce
sorriso
Que eu me
lembro ter dado na infancia
Porque metade de mim é lembrança do que
fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma
simples
alegria
Pra me fazer aquietar o espirito
E que teu silencio
me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que
ninguem a tente complicar

Porque é preciso
simplicidade para faze-la florescer

Porque metade
de mim é plateia

E a outra metade é
canção.


E que a
minha loucura seja perdoada

Porque metade de mim
é
amor
E a outra metade também.

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